Oi, gente!
Eu sei que eu sumi nesses dias aí de Natal e tudo o mais, mas depois desse lindo ano de movimento aqui no blog eu não poderia deixar de passar por aqui para desejar um Feliz Ano Novo a todos que me leem.
E para esse post ficar ainda mais especial, desejarei um ótimo ano novo para vocês com um poema do Drummond!
Talvez vocês não saibam, mas eu amo poesia, e então resolvi deixar Drummond falar por mim porque seu poema, Receita de Ano Novo, é muito mais bonito e fala muito mais coisas do que eu jamais saberia escrever para vocês.
Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera para sempre.
Beijos, people, e até ano que vem! FELIZ 2016!