quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Retrospectiva 2022 / 2023

Como sempre, eu estava lendo as minhas retrospectivas passadas antes de fazer a atual...

Já são mais de 10 anos de retrospectivas nesse cantinho tão especial pra mim que é o blog, e ano passado eu falhei.

Eu tinha escrito um texto bem generalizado e resumido falando de 2023 e 2022, mas quando eu li a retrospectiva de 2021 eu percebi que frustrei a Ana do passado...

Ela disse que esperava que no fim de 2022 estivesse em outra cadeira, em outra casa, escrevendo a retrospectiva. E eu estava (não escrevendo, mas em outro lugar). Parabéns, Aninha, você conseguiu!

2022 na verdade foi um ano extremamente especial e eu vou falar dele agora com um ano de atraso porque merece o registro.

Foi o ano em que eu me formei Engenheira de Materiais.

Foi o ano em que eu consegui o meu primeiro emprego, mudando o meu status de "estagiária" para "analista" na Renault. Sim, a mesma empresa onde eu entrei em 2021 num processo seletivo concorridíssimo (me deixem sentir orgulho ok obrigada).

Foi o ano em que, por conta dos itens anteriores, eu consegui ir morar no meu cantinho e buscar a minha paz.

Foram três conquistas muito grandes e especiais, e mesmo não tendo sido um ano incrível como um todo, foi incrível ter acontecido tudo isso. E é importante eu registrar e lembrar que sou grata.


Também foi o ano em que eu deixei de estar sozinha cuidando de mim e da minha saúde mental.

Eu escrevi na retrospectiva de 2021, na qual falei majoritariamente sobre covid, que eu aprendi sozinha a lidar com os meus medos. Com as dificuldades. Mas, desde 2022, eu não estou mais sozinha. Eu tenho ajuda. E esse foi o presente mais bonito que eu me dei.

Então eu queria pedir desculpas para a Ana do início de 2022 e contar que, sim, você tinha conquistas para compartilhar no final do ano. As maiores e as mais bonitas que você poderia querer, e que você lutou tanto para conseguir. Obrigada.

...

Pulando para 2023...

Se fosse para resumir 2023 em uma palavra, seria trabalho. Foi o que eu mais fiz, o que mais me tomou tempo e onde eu mais me dediquei.

Tive novas conquistas nessa área também. Fui contratada como funcionária Renault (antes eu era terceirizada, e eu achava que não, mas faz diferença) e comecei a assumir novas responsabilidades.

Foi e tem sido um grande desafio. Eu mergulhei de cabeça, e eu voltei a acreditar que eu sou sim muito boa no que eu faço (sim, por um bom tempo eu duvidei).

Porém, quando comecei a me dar conta que existia apenas uma Ana, a Ana que trabalha, fui atrás de tentar resgatar outras. Ou criar novas. 

Eu precisava de mim, para mim.

Eu estabeleci um montão de metas, fiz um planejamento cheio de expectativas de me reconectar comigo mesma e encontrar propósito.

Eu tentei estudar mais, pedalar mais, ler mais, sair mais, reclamar menos, ser mais feliz. Mas inevitavelmente eu falhei. 
Eu não tinha mais tesão. Eu estava inerte.

Eu não sabia fazer mais nada.

Por outro lado, porém, no final de 2023 eu voltei para a academia e comecei a levar mais a sério a vida saudável. Eu tentei cuidar de mim. Eu passei a dedicar um tempo a mim mesma.

No fim eu descobri que eu sou sim uma pessoa dedicada e comprometida quando eu realmente quero algo. Eu só preciso disso: querer.

Eu fiquei o ano inteiro tentando estabelecer rotinas e bater metas, até que um dia eu decidi voltar pra academia e simplesmente fui.

E é isso que eu quero para 2024. Ser mais comprometida comigo mesma.
Ser mais eu.
Ter mais tesão pela vida.

Viver.

E acima de tudo, ser livre.
(mais sobre isso nos próximos capítulos...)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

2020 Parte 2 (aka 2021)

Eu passei as últimas semanas pensando na retrospectiva que eu preciso escrever, porque é um ritual tão importante para mim e me faz refletir tanto sobre mim mesma, mas ao mesmo tempo, refletir sobre os dois últimos anos é tão triste e dolorido, que várias vezes eu formulava frases e até um parágrafo inteiro na minha cabeça, mas eu nunca tinha empenho de sentar e colocar as palavras no papel (ou na tela).

A verdade é que, ainda hoje, 10 de janeiro de 2022, eu ainda me sinto em 2020.

Eu me perco na cronologia das coisas que aconteceram no planeta e na minha vida nos últimos dois anos. Eu não me lembro o que foi em 2020 e o que foi em 2021, e tudo fica misturado e confuso dentro da minha cabeça.

A minha vida está ruim. Eu não vou usar eufemismos aqui. Eu conheço meus privilégios, e eu tenho coisas pelas quais ser grata sim (sobre as quais escreverei adiante), mas eu estou infeliz. E é por isso que é tão difícil escrever.

Eu sei que a pandemia não é algo presente só na minha vida, não é uma preocupação só minha (embora às vezes essa seja a sensação), mas é algo que afeta cada pessoa de uma forma diferente, e me afetou de uma maneira mais arrebatadora do que eu poderia lidar.

Mas esses dias eu estava fazendo uma retrospectiva mental do meu comportamento nesses dois anos, e como as coisas foram se tranquilizando aos poucos (com vários sustos no meio do caminho, como estamos vivendo agora inclusive).

Eu percebi que, lá em agosto de 2020, quando eu voltei a trabalhar depois de 5 meses saindo de casa apenas para dar uma volta na praça com o meu namorado, eu tinha o costume de chegar em casa, tirar minha roupa na lavanderia e ir direto para o banho. Eu também passava álcool na mão depois de literalmente cada lugar que eu encostava.

Com o tempo eu passei a deixar minhas roupas usadas numa caixa de papelão no chão do banheiro, porque ficar andando pelada pela casa era desagradável e, por muitas vezes, bem gelado. Até que eu comecei a me permitir não lavar o cabelo todos os dias, e a deixar minhas roupas usadas num cantinho separado da estante dentro do quarto, como eu sempre fiz (pelo simples fato de estarem usadas, e não contaminadas), e aos poucos fui entendendo que tudo bem se eu saí do portão do meu prédio e não passei álcool na mão imediatamente depois de abri-lo.

Eu me permiti voltar a ir de bicicleta para os lugares, e entender que eu não preciso limpá-la minuciosamente toda vez que chego em casa (o que facilitou bastante o meu transporte), e isso me permitiu ter um pouco mais de lazer também, afinal, o meu meio de transporte é também um dos meus hobbies favoritos (e foi uma coisa muito presente no meu ano, que me trouxe um pouco de alegria).

Eu me permiti comer fora de casa, em um lugar ao ar livre e praticamente vazio, no dia do meu aniversário, uma semana antes da segunda dose da vacina. E depois da segunda dose, eu me permiti fazer algo para o qual eu estava contando os dias desde março de 2020, e que hoje é o ponto alto dos meus dias: ir para a academia.

Resumindo, hoje em dia eu consigo ir tranquilamente para o trabalho, em consultas médicas, ao shopping, e até mesmo ir comer de vez em quando em lugares abertos (embora eu esteja repensando este último ponto dadas as notícias recentes).

Aos poucos as coisas estão voltando ao ""normal"", e eu estou aprendendo a viver a vida dentro das minhas limitações.

Enfim, tudo isso é pra dizer que eu evoluí. Eu aprendi - sozinha, porque foi do jeito que deu -, a lidar com os meus medos, a me munir de informações para saber fazer as coisas corretamente e escolher os riscos que eu estou disposta a correr (que, no meu caso, são pouquíssimos, mas tudo na vida é escolha).

Agora eu estou focada na minha carreira (que foi a única coisa que me manteve de pé no ano passado), e em dar um rumo para a minha vida, depois de me sentir estagnada por tanto tempo.

Então, para finalizar mais essa retrospectiva deprimente, vou fazer um compilado de coisas que aconteceram na minha vida em 2021, que mesmo tendo sido uma bosta, teve acontecimentos legais, afinal, 365 dias podem passar voando, mas é muita coisa.


Coisas boas que aconteceram na minha vida em 2021:

- Eu comecei a fazer estágio na Renault, depois de ter sido aprovada em uma das 130 vagas num processo seletivo com mais de 13.000 inscritos

- Fiz 2 tatuagens (e não tenho foto boa de nenhuma delas)

- Tomei a vacina

E é isso.


Eu poderia falar de outros aspectos da minha vida aqui, mas 1. Ninguém se importa, isso é praticamente um diário para a Ana do futuro; 2. A minha vida, infelizmente, só se resumiu a pensar sobre covid o tempo todo por vários meses, por isso o foco desse texto.


Eu espero que no final de 2022 eu possa estar sentada em outra cadeira, em outro apartamento, sozinha, escrevendo uma retrospectiva mais feliz e com mais conquistas para compartilhar.

Se eu cumprir as metas que tracei para este ano, com certeza terá uma Ana mais feliz escrevendo aqui em dezembro.


Feliz 2020 parte 3. Espero que essa seja a última temporada.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Uma dose de Esperança

Depois de uma retrospectiva tão... "amarga", por assim dizer, e o ano todo sem postar, hoje eu resolvi aparecer com um post positivo.

Com boas notícias e muita gratidão.

É que eu preciso deixar registrado o dia em que, depois de tanto esperar, de ver o governo atrasando esse acontecimento na minha vida e de todos os brasileiros, de ver pouco a pouco as pessoas que eu amo viverem esse momento, chegou a minha vez!

Sim, é claro que eu estou falando da vacina.

Eu não sei se as pessoas podem achar exagerado que eu saí gritando pela casa quando a prefeitura de Curitiba anunciou meu ano de nascimento, ou que eu saí da praça depois da vacinação cantando "this girl is on Pfizeeeeeeeer" (porque foi Pfizer mesmo, mas tudo bem se não fosse), ou que eu to fazendo um textão sobre isso. Mas é um momento muito importante.

Tomar a vacina infelizmente se tornou um ato político (vide a camiseta que eu estava usando, hehe), mas não deveria ser.

É um ato de amor (o Papa falou isso hoje mesmo). Amor à vida. Amor ao próximo.

Eu me vacinei por mim. Pelo meu pai. Pela minha mãe. Pelos meus avós. Pela minha família. Pelo meu namorado. Pela família dele. Pelos meus amigos. Pelos meus colegas de trabalho. Pelas pessoas que ficam perto de mim na fila do mercado. Por quem passa por perto quando eu estou pedalando e tiro a máscara para tomar um gole de água.

Por todas as pessoas que cruzam o meu caminho.

Eu me vacinei porque eu não quero morrer.

Porque eu não vejo a hora de me sentir segura para voltar a treinar na academia e para comer em algum restaurante. Porque eu não quero mais ter medo de pegar nem de passar covid para as pessoas. Eu não quero mais deixar de ver por duas semanas as pessoas que eu amo e não moram comigo porque as pessoas que eu amo e moram comigo tiveram alguma suspeita (de novo). Eu não quero mais ficar desesperada quando vejo colegas de trabalho com a máscara no queixo.

Eu quero que essa pandemia acabe!

Eu podia escrever mais muitos parágrafos falando que eu não quero mais ver gente morrendo, ou perdendo o emprego e passando fome. Mas eu disse que esse texto seria positivo.

É difícil, gente. Muito difícil.


Mas voltando ao título do texto, é isso que eu sinto agora. É isso que eu senti a cada passo que eu dava na fila do postinho. Esperança disso tudo "acabar". Esperança de voltar a ter um pouquinho de normalidade na vida. Esperança de a cada dia os números nos jornais continuarem diminuindo, sem nunca me permitir esquecer que estamos falando de pessoas, até que um dia seja zero.

Esperança de novembro chegar logo para eu tomar a segunda dose. E acima de tudo, esperança desse dia chegar para todos. Porque, assim como usar máscara, eu tomar vacina sozinha não ajuda ninguém.


Ainda temos um longo caminho a percorrer, obstáculos para ultrapassar (aka prefeituras e governos ignorantes), e muita gente para vacinar. Mas a gente vai chegar lá!

E por último, mas não menos importante. Eu sou grata.

Grata pela ciência. Grata aos profissionais de saúde. Grata à moça simpática que aplicou a vacina em mim. Grata a todos os pesquisadores e pesquisadoras que permitiram que eu e todos os brasileiros (e todo o mundo) tomem uma vacina eficaz e segura.

E não seria justo eu finalizar com qualquer coisa diferente de:

VIVA A CIÊNCIA! VIVA O SUS!

Vacinem-se, cuidem-se, usem PFF2 e ignorem absolutamente tudo o que o presidente fala.

VACINA SIM!!

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

2020, um ano que poderia não ter acontecido

Eu comecei o ano de 2021 escrevendo. Bêbada de champagne, deitada no sofá, rascunhando umas palavras soltas no meu celular. Isso virou a minha Retrospectiva de 2020. Um ano que só acabou no calendário, e do qual a minha análise não vai ser nem um pouco otimista, a despeito do meu penúltimo post, porque não dá para fazer um retrospectiva feliz, gente. Desculpa.

(Os primeiros quatro parágrafos são do dia 01/01/21, em que comecei escrevendo)

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Ontem eu assisti a retrospectiva de 2020 da Globo e chorei igual um bebê (no episódio da Covid, porque tem 5 episódios no Globoplay).

Hoje, dia 1º de janeiro de 2021, eu já comecei o ano bêbada, trancada em um apartamento com o meu namorado, mandando mensagens para amigos das quais eu nem sei se vou lembrar amanhã.

Isso me fez refletir sobre tudo o que o ano de 2020 nos tirou, e eu fiquei puta (sem eufemismo mesmo, sinto muito).

Agora, especificamente na virada de ano, eu fiquei puta porque eu estou levemente bêbada e eu nem lembrava como era beber com os amigos e dar umas risadas (e eu ainda não lembro, porque eu estou trancada num apartamento, somente com o meu namorado, lembra?).


Mas a verdade é que 2020 tirou de mim vários prazeres triviais do dia a dia. Uma cerveja no barzinho da esquina, um jantar romântico num restaurante legal, uma volta de bicicleta no parque, um passeio no shopping, um banho de mar, ir para a academia... (e isso só porque eu sou uma pessoa consciente, porque muita gente continuou fazendo cada uma dessas coisas e muito mais).

Mas 2020 tirou muitas outras coisas de muitas pessoas.

Uma mãe.

Um pai.

A avó ou o avô.

Irmãos.

Filhos.

Amigos.

O olfato, o paladar...

A mobilidade básica do corpo após meses deitado em uma cama de hospital...

Sem contar várias outras sequelas das quais eu nem poderia falar aqui porque, sinceramente, não tenho mais estômago para ler sobre e não chorar.


Eu já disse aqui e é verdade que em algumas esferas da minha vida 2020 foi um ano bom. Me trouxe novos aprendizados, um contato intenso comigo mesma e um cuidar de mim como nunca havia feito antes. Mas, convenhamos, que escolha eu tinha senão me conectar comigo mesma, visto que me desconectei do resto do planeta? (E isso literalmente, porque até um detox das redes sociais eu fiz)

Porém, foi um ano que poderia não ter acontecido. Um ano no qual eu trocaria todas as minhas experiências (que eu teria vivido em menor frequência e/ou intensidade) por um ano sem Covid. Pelas vidas que se foram, pelo tempo perdido, pelos litros de álcool em gel gastos, pelo medo, que continua presente toda vez que eu saio de casa.

2020. Um ano que mostrou a solidariedade que a gente via na TV lá no início da quarentena, mas que também (e em muito maior quantidade, eu acredito) mostrou a podridão das pessoas, o egoísmo, o desrespeito, a irresponsabilidade, a falta de empatia.

Um ano que, ao meu ver, não acabou e (infelizmente) não acabará tão cedo. Porque, mais do que nunca, essa virada de ano é só uma formalidade no calendário.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Panetone

Feliz Natal!
Amém.

Essas foram as palavras que eu mais falei hoje.

O “Feliz Natal” porque eu e meus pais saímos distribuir panetones para moradores de rua e carrinheiros, e “Amém” porque a imensa maioria deles agradecia com um “Deus te abençoe”.

Eu não sou religiosa, mas eu sempre me sinto muito querida quando alguém me fala isso. Na minha concepção é como um “obrigada” só que mais bonito. É uma frase que eu sorria toda vez que ouvia (mas ninguém via, pois eu estava de máscara).

Enquanto escrevia o rascunho desse texto no meu celular aconteceu algo mais incrível ainda. Paramos numa esquina para entregar panetone para um homem, e então vimos outro homem e eu peguei mais um panetone. Ele disse “entrega pra ele” e “entrega pra quem precisa”, se referindo ao primeiro homem. Mais rápido do que eu pudesse formular uma frase melhor, escapou da minha boca um “mas você não precisa?”, e ele tirou um panetone de uma sacola dizendo que já recebeu outros, e que era para darmos para alguém que precisa mais.

Essa é a segunda vez que saio com a minha família no natal para distribuir panetones. E essa é também a segunda vez que alguém recusa. Incrível como a gente sempre pode se surpreender.

Mas o momento mais bonito do dia de hoje (e arrisco dizer, do meu ano), foi numa esquina com uma família toda, em que levei dois panetones e entreguei para duas meninas (eu sempre entrego direto para as crianças, o sorriso delas é a maior recompensa). Elas me falaram “obrigada” muitas vezes e me abraçaram.

Eu fui abraçada por duas crianças, sem máscara, em meio a uma pandemia.

Eu travei. Não sabia se sorria ou se chorava de nervosismo, mas depois de passado o momento de surpresa, eu só consigo sentir gratidão.

Quem me conhece sabe que eu sou a pessoa mais neurótica possível com os cuidados contra a covid, e eu não vou ser hipócrita e fingir que não pensei em cancelar a ideia dos panetones quando os casos voltaram a aumentar no fim do mês passado, mas seria muito egoísmo da minha parte voltar atrás.

Chegou um momento em que eu só queria que acabasse logo pois estava ficando muito ansiosa, mas para entregar 50 ou 100 panetones o risco é o mesmo. E o abraço mais arriscado da minha vida foi também o mais bonito.

Resumindo, eu não ia falar nada na internet sobre isso, porque hoje em dia falar sobre ser solidário é só para “aparecer”. Eu não quero aparecer, mas eu fiquei emocionada com o que aconteceu e deu vontade de fazer uma das coisas que eu mais gosto na vida: escrever.

Essa experiência me mostrou o que a gente sempre ouve falar por aí, que a felicidade está nas pequenas coisas.

A das meninas estava nos panetones, e a minha estava no abraço. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Você tem algo para agradecer em 2020?

Olha lá a brasileira fazendo textinho no Thanksgiving de novo... mas será que em 2020 tem algo de bom para escrever?

Primeiramente, eu gosto de ""comemorar"" (entre duas aspas pra ficar claro que é só modo de falar) o Thanksgiving porque:

    1. Meu namorado é americano, e para manter a cultura dele viva no nosso relacionamento, faz 5 anos que, toda última quinta-feira de novembro, eu falo para ele o quanto eu sou grata por tê-lo ao meu lado (embora eu fale isso várias outras vezes no ano também).

    2. Para mim (como uma cidadã não americana) é um dia de agradecer, assim como todos os outros. Eu não tive folga no trabalho e nem me reuni com a família para comer peru, mas eu vou parar para refletir sobre tudo pelo que sou grata, só porque eu quero.

Afinal, o que é "dar graças" se não uma grande reflexão do nosso passado recente e de tudo que aconteceu de bom nele?

Eu já escrevi aqui sobre gratidão algumas vezes, e eu realmente pratico isso desde quando eu comecei a escrever no meu caderninho todos os dias, para lembrar de pequenas coisas boas num momento em que minha vida estava desmoronando. Continuo escrevendo no meu caderninho? Muito raramente. Mas ainda penso muito e, esse ano especificamente, dado os vários acontecimentos bons na minha vida, mesmo em meio ao caos mundial, eu tenho pensado silenciosamente no quanto eu sou privilegiada e grata por tantas coisas, afinal, eu sei que estar saudável, ter acesso à informação para saber me proteger da COVID, morar com meus pais e não ter sido impactada financeiramente pela pandemia, são coisas pelas quais uma minoria de brasileiros pode agradecer, e é justamente por ter noção dessa realidade que eu, como parte dessa minoria, não vou desdenhar desse privilégio.

Dito tudo isso, eu deixo claro que eu não sou daquelas pessoas que acha que "a quarentena me proporcionou tais coisas e bla bla", que "o lado bom da pandemia foi que...". Primeiro porque não existe "lado bom" da pandemia, ponto. Segundo porque a quarentena não me proporcionou nada, eu que fui atrás de fazer alguma coisa da vida porque eu estava em casa, sem aula e sem trabalho, e sem nada para fazer. Eu poderia perfeitamente ter feito isso na minha rotina normal, o tédio foi só um empurrãozinho para eu acordar pra vida, mas uma hora ou outra isso ia acontecer, e eu não sou grata à pandemia por isso (afinal, é uma fucking pandemia!, e eu preferia ter ficado sem ela). 

As coisas pelas quais eu realmente sou grata são todas que aconteceram apesar da pandemia, apesar de 2020 estar sendo um ano caótico, apesar de toda merda que aconteceu no mundo. E isso não foi de uma hora para a outra, afinal, eu tive várias semanas de fazer vários nadas, de ficar literalmente deitada o dia todo, intercaladas com poucos dias de produtividade, até eu perceber que minhas "férias forçadas" demorariam muito mais do que eu (e o Brasil inteiro) imaginei.

Tá, Ana, chega de tagarelar, você é grata pelo que?

1) Eu comecei a estudar diversos assuntos alheios à minha área de formação e que me despertam interesse, como Economia e Finanças, e Excel (que eu sempre amei e aproveitei para maratonar muitos vídeos no youtube). Com isso, eu aprendi a entender melhor como a economia e o dinheiro funcionam, e a cuidar melhor do meu (que agora eu tenho e vocês já vão entender o porquê), e aprendi também a usar VBA e Power BI e fiquei INDIGNADA com como são ferramentas incríveis (e se alguém quiser me pagar um curso completo to aceitando).

2) Eu comecei a cuidar mais de mim, por dentro e por fora, é claro, mas um destaque no "por fora" porque eu, depois de 25 aninhos de vida, comecei a fuçar na internet e a entender como cuidar de cabelo e pele (eu literalmente só usava shampoo, condicionador e protetor solar), além de tentar manter uma rotina de treinos em casa, afinal, a academia entrou na minha vida há poucos anos, com muitos altos e baixos, e eu não poderia perder o ritmo agora.

3) Eu consegui um estágio! E não qualquer estágio, mas um que eu já queria desde 2017, quando soube da parceria da empresa com o meu curso na faculdade, e que atende todos os meus requisitos de um estágio legal (eu faço planilha todo trimestre, é sério), e com o bônus de ser em Curitiba! Sim, gente, eu voltei!

4) Eu "terminei" a faculdade! Calma, "terminei" está entre aspas porque se eu colocasse "terminei as disciplinas da faculdade" a frase não teria o mesmo efeito. Mas é isso, eu terminei virtualmente o trimestre que tinha começado lá em fevereiro, finalizando todas as disciplinas do curso, meu TCC está em andamento porque só falta terminar de escrever (um andamento bem devagar, mas andando), e estou com dois dos três estágios que ainda preciso já garantidos, ou seja, o coronavírus atrasou a minha vida, mas nem tanto.

Esses 4 pontos são só para resumir em tópicos algumas coisas que estão sendo muito importantes para mim esse ano, e dentro de cada um desses tópicos eu poderia citar pequenos motivos ou pequenas coisas que aprendi, conheci, adquiri e pelas quais sou muito grata.

Enfim, sem querer fazer disso uma retrospectiva mas já fazendo, para um ano que começou com o pior (e mais longo) mês de janeiro da minha vida, com uma pandemia horrível e uma quarentena que me fez voltar ""temporariamente"" para a casa dos meus pais, eu posso dizer que o saldo na minha vida pessoal até agora é positivo. Resumindo, eu estou cuidando mais de mim, desenvolvendo habilidades que vão me tornar uma profissional melhor para ganhar mais dinheiro, e aprendendo a cuidar desse dinheiro.

E só para não perder o costume, eu também sou extremamente grata por, depois de 5 anos, ainda ter ao meu lado o americano lindo que me fez enxergar a vida de uma maneira diferente e aprender a agradecer mais o ano todo. (Ele que me indicou o livro que eu citei nesse post aqui e que mudou a minha vida)

E além disso, apesar de quase nos matarmos por muito tempo até aprendermos a voltar a conviver civilizadamente, eu estou feliz de estar em casa, de ter para onde voltar, de poder estar com a minha família e, finalmente, estar de bem com ela.


Ainda vai ter retrospectiva porque tem muita água pra rolar em um mês, mas até aqui já tem bastante coisa para agradecer. E você que leu esse texto porque gosta de mim, ou achou esse texto perdido na internet, eu aconselho fortemente a fazer esse exercício de pensar um pouquinho nos acontecimentos da sua vida pessoal. Aqui eu só falei das coisas boas, que colocando no papel a gente percebe que é mais do que imagina e dá mais valor, mas eu também tive momentos bem difíceis em 2020, mas passou, e os seus vão passar também.

domingo, 29 de março de 2020

Curitiba do meu ponto de vista

Hoje é aniversário da melhor cidade do mundo, Curitiba, e eu escolhi três imagens que significam muito pra mim para fazer a minha homenagem. Na verdade eu decidi representar com araucárias três lugares muito importantes para mim.

Todo Curitibano aprendeu quando criança que Curitiba significa, basicamente, "muito pinhão" - ou, como encontrei agora no site da prefeitura, "grande quantidade de pinheiros, pinheiral". Ou seja, é a árvore símbolo da cidade, inclusive presente na bandeira. Eu, particularmente, sempre fui apaixonada por araucárias, e me dei conta de que, em todos os lugares que morei, tive o privilégio de ver uma da minha janela.

A primeira foto representa o segundo lugar da minha vida que eu chamei de lar. A casa onde eu passei a maior parte da minha infância. A araucária do fundo do terreno onde meu pai catava pinhão fresquinho. A araucária que estava lá quando a gente brincava no terreno, se sujando de lama, jogando bola, brincando com os cachorros ou dando voltas de bicicleta; que estava lá nas várias festas de família que fazíamos na garagem, inclusive no meu aniversário em que dormimos na cama elástica e foi incrível. A araucária que estava lá quando eu tava deitada no sofá vendo TV e desviava meu olhar para a sacada, com essa bela paisagem enfeitando o nosso quintal. Aquela que me fez perceber, ao sair na sacada todos os dias, a beleza das araucárias.

É uma foto que, até hoje, me traz alegria e dor ao mesmo tempo. Alegria por lembrar de todos os momentos vividos na casa que foi erguida com muito suor dos meus pais. Dor por ter ido embora.

Araucária nº1, aquela do quintal onde eu cresci.

A segunda foto representa o que veio depois. A mudança forçada para um apartamento que, no fim das contas, era sensacional. A minha visão de todos os dias ao abrir a janela num novo lugar que fomos obrigados a aprender a chamar de lar.

A araucária que guarda as minhas últimas memórias de casa antes de ir embora de Curitiba. A araucária que estava lá quando eu tomava sorvete sentada na sacada e quando eu ficava brincando de fotografia dentro de casa. A araucária que eu via todos os dias ao abrir a janela durante o final do meu ensino médio, do cursinho, e da qual eu me despedi ao finalmente passar no vestibular.

Araucária nº2, aquela que eu via por entre a redinha da janela.

A terceira foto não é da minha casa. Não é do meu lar. É daquele lugar que a gente de repente aprende a chamar de "casa dos pais". O apartamento para o qual eu não participei da mudança e no qual nunca morei, mas é lar de quem sempre fez a minha casa ser chamada de lar. É um lugar novo. Um lugar que não é meu. Mas, afinal, é lugar de família.

E apesar de eu não gostar do meu quarto aqui como gostava dos outros, apesar de eu não ter tantas memórias aqui quanto tinha nos outros, eu gosto da vista.

É o cantinho que me acolhe toda vez que volto "para casa".

Araucária nº3, aquela que esconde o melhor estádio da América Latina.

Casa, para mim, é uma palavra que já teve tantos significados (9 só durante a faculdade). De acordo com o dicionário Luft que eu tenho aqui desde criança, a definição de casa é 1. Construção para morar; residência. 2. Família; lar. E a definição de lar é 1. Casa de habitação familiar. 2.Família. 3. Pátria; terra natal. Ou seja, dependendo da definição que você escolhe, casa e lar podem ser considerados a mesma coisa.

No meu caso, eu considero casa pela sua primeira definição. Ou seja, todos os lugares que já morei, aqui em Curitiba ou em Santa Catarina. E, emotiva que sou, mesmo não sendo lar, cada casa teve um significado especial para mim (menos a nº 8. A nº8 foi horrível).
Mas lar mesmo eu só vou ter quando eu voltar para minha terra natal, onde está a minha família, e onde sempre esteve a parte mais importante da minha vida, independente de qual canto de SC eu estivesse morando. Sendo lar, nesse contexto, lugar de aconchego, lugar de abrigo, meu cantinho.

Resumindo. Independente da residência, da construção em que eu esteja, Curitiba sempre vai ser o meu lar, a cidade que me acolheu desde que eu nasci, sempre tendo uma araucária linda para eu olhar pela janela. A cidade da qual eu saí já querendo voltar.

E o meu novo lar vai ser o lugar que eu encontrar para morar quando eu finalmente voltar para cá.
Não vai ser nenhum desses que eu mostrei. Eu vou ter que arranjar o meu próprio lar dessa vez.

Eu só espero poder ver uma araucária bem bonita da janela.