quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Uma dose de Esperança

Depois de uma retrospectiva tão... "amarga", por assim dizer, e o ano todo sem postar, hoje eu resolvi aparecer com um post positivo.

Com boas notícias e muita gratidão.

É que eu preciso deixar registrado o dia em que, depois de tanto esperar, de ver o governo atrasando esse acontecimento na minha vida e de todos os brasileiros, de ver pouco a pouco as pessoas que eu amo viverem esse momento, chegou a minha vez!

Sim, é claro que eu estou falando da vacina.

Eu não sei se as pessoas podem achar exagerado que eu saí gritando pela casa quando a prefeitura de Curitiba anunciou meu ano de nascimento, ou que eu saí da praça depois da vacinação cantando "this girl is on Pfizeeeeeeeer" (porque foi Pfizer mesmo, mas tudo bem se não fosse), ou que eu to fazendo um textão sobre isso. Mas é um momento muito importante.

Tomar a vacina infelizmente se tornou um ato político (vide a camiseta que eu estava usando, hehe), mas não deveria ser.

É um ato de amor (o Papa falou isso hoje mesmo). Amor à vida. Amor ao próximo.

Eu me vacinei por mim. Pelo meu pai. Pela minha mãe. Pelos meus avós. Pela minha família. Pelo meu namorado. Pela família dele. Pelos meus amigos. Pelos meus colegas de trabalho. Pelas pessoas que ficam perto de mim na fila do mercado. Por quem passa por perto quando eu estou pedalando e tiro a máscara para tomar um gole de água.

Por todas as pessoas que cruzam o meu caminho.

Eu me vacinei porque eu não quero morrer.

Porque eu não vejo a hora de me sentir segura para voltar a treinar na academia e para comer em algum restaurante. Porque eu não quero mais ter medo de pegar nem de passar covid para as pessoas. Eu não quero mais deixar de ver por duas semanas as pessoas que eu amo e não moram comigo porque as pessoas que eu amo e moram comigo tiveram alguma suspeita (de novo). Eu não quero mais ficar desesperada quando vejo colegas de trabalho com a máscara no queixo.

Eu quero que essa pandemia acabe!

Eu podia escrever mais muitos parágrafos falando que eu não quero mais ver gente morrendo, ou perdendo o emprego e passando fome. Mas eu disse que esse texto seria positivo.

É difícil, gente. Muito difícil.


Mas voltando ao título do texto, é isso que eu sinto agora. É isso que eu senti a cada passo que eu dava na fila do postinho. Esperança disso tudo "acabar". Esperança de voltar a ter um pouquinho de normalidade na vida. Esperança de a cada dia os números nos jornais continuarem diminuindo, sem nunca me permitir esquecer que estamos falando de pessoas, até que um dia seja zero.

Esperança de novembro chegar logo para eu tomar a segunda dose. E acima de tudo, esperança desse dia chegar para todos. Porque, assim como usar máscara, eu tomar vacina sozinha não ajuda ninguém.


Ainda temos um longo caminho a percorrer, obstáculos para ultrapassar (aka prefeituras e governos ignorantes), e muita gente para vacinar. Mas a gente vai chegar lá!

E por último, mas não menos importante. Eu sou grata.

Grata pela ciência. Grata aos profissionais de saúde. Grata à moça simpática que aplicou a vacina em mim. Grata a todos os pesquisadores e pesquisadoras que permitiram que eu e todos os brasileiros (e todo o mundo) tomem uma vacina eficaz e segura.

E não seria justo eu finalizar com qualquer coisa diferente de:

VIVA A CIÊNCIA! VIVA O SUS!

Vacinem-se, cuidem-se, usem PFF2 e ignorem absolutamente tudo o que o presidente fala.

VACINA SIM!!

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

2020, um ano que poderia não ter acontecido

Eu comecei o ano de 2021 escrevendo. Bêbada de champagne, deitada no sofá, rascunhando umas palavras soltas no meu celular. Isso virou a minha Retrospectiva de 2020. Um ano que só acabou no calendário, e do qual a minha análise não vai ser nem um pouco otimista, a despeito do meu penúltimo post, porque não dá para fazer um retrospectiva feliz, gente. Desculpa.

(Os primeiros quatro parágrafos são do dia 01/01/21, em que comecei escrevendo)

______________________________________________________________________

Ontem eu assisti a retrospectiva de 2020 da Globo e chorei igual um bebê (no episódio da Covid, porque tem 5 episódios no Globoplay).

Hoje, dia 1º de janeiro de 2021, eu já comecei o ano bêbada, trancada em um apartamento com o meu namorado, mandando mensagens para amigos das quais eu nem sei se vou lembrar amanhã.

Isso me fez refletir sobre tudo o que o ano de 2020 nos tirou, e eu fiquei puta (sem eufemismo mesmo, sinto muito).

Agora, especificamente na virada de ano, eu fiquei puta porque eu estou levemente bêbada e eu nem lembrava como era beber com os amigos e dar umas risadas (e eu ainda não lembro, porque eu estou trancada num apartamento, somente com o meu namorado, lembra?).


Mas a verdade é que 2020 tirou de mim vários prazeres triviais do dia a dia. Uma cerveja no barzinho da esquina, um jantar romântico num restaurante legal, uma volta de bicicleta no parque, um passeio no shopping, um banho de mar, ir para a academia... (e isso só porque eu sou uma pessoa consciente, porque muita gente continuou fazendo cada uma dessas coisas e muito mais).

Mas 2020 tirou muitas outras coisas de muitas pessoas.

Uma mãe.

Um pai.

A avó ou o avô.

Irmãos.

Filhos.

Amigos.

O olfato, o paladar...

A mobilidade básica do corpo após meses deitado em uma cama de hospital...

Sem contar várias outras sequelas das quais eu nem poderia falar aqui porque, sinceramente, não tenho mais estômago para ler sobre e não chorar.


Eu já disse aqui e é verdade que em algumas esferas da minha vida 2020 foi um ano bom. Me trouxe novos aprendizados, um contato intenso comigo mesma e um cuidar de mim como nunca havia feito antes. Mas, convenhamos, que escolha eu tinha senão me conectar comigo mesma, visto que me desconectei do resto do planeta? (E isso literalmente, porque até um detox das redes sociais eu fiz)

Porém, foi um ano que poderia não ter acontecido. Um ano no qual eu trocaria todas as minhas experiências (que eu teria vivido em menor frequência e/ou intensidade) por um ano sem Covid. Pelas vidas que se foram, pelo tempo perdido, pelos litros de álcool em gel gastos, pelo medo, que continua presente toda vez que eu saio de casa.

2020. Um ano que mostrou a solidariedade que a gente via na TV lá no início da quarentena, mas que também (e em muito maior quantidade, eu acredito) mostrou a podridão das pessoas, o egoísmo, o desrespeito, a irresponsabilidade, a falta de empatia.

Um ano que, ao meu ver, não acabou e (infelizmente) não acabará tão cedo. Porque, mais do que nunca, essa virada de ano é só uma formalidade no calendário.