quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Panetone

Feliz Natal!
Amém.

Essas foram as palavras que eu mais falei hoje.

O “Feliz Natal” porque eu e meus pais saímos distribuir panetones para moradores de rua e carrinheiros, e “Amém” porque a imensa maioria deles agradecia com um “Deus te abençoe”.

Eu não sou religiosa, mas eu sempre me sinto muito querida quando alguém me fala isso. Na minha concepção é como um “obrigada” só que mais bonito. É uma frase que eu sorria toda vez que ouvia (mas ninguém via, pois eu estava de máscara).

Enquanto escrevia o rascunho desse texto no meu celular aconteceu algo mais incrível ainda. Paramos numa esquina para entregar panetone para um homem, e então vimos outro homem e eu peguei mais um panetone. Ele disse “entrega pra ele” e “entrega pra quem precisa”, se referindo ao primeiro homem. Mais rápido do que eu pudesse formular uma frase melhor, escapou da minha boca um “mas você não precisa?”, e ele tirou um panetone de uma sacola dizendo que já recebeu outros, e que era para darmos para alguém que precisa mais.

Essa é a segunda vez que saio com a minha família no natal para distribuir panetones. E essa é também a segunda vez que alguém recusa. Incrível como a gente sempre pode se surpreender.

Mas o momento mais bonito do dia de hoje (e arrisco dizer, do meu ano), foi numa esquina com uma família toda, em que levei dois panetones e entreguei para duas meninas (eu sempre entrego direto para as crianças, o sorriso delas é a maior recompensa). Elas me falaram “obrigada” muitas vezes e me abraçaram.

Eu fui abraçada por duas crianças, sem máscara, em meio a uma pandemia.

Eu travei. Não sabia se sorria ou se chorava de nervosismo, mas depois de passado o momento de surpresa, eu só consigo sentir gratidão.

Quem me conhece sabe que eu sou a pessoa mais neurótica possível com os cuidados contra a covid, e eu não vou ser hipócrita e fingir que não pensei em cancelar a ideia dos panetones quando os casos voltaram a aumentar no fim do mês passado, mas seria muito egoísmo da minha parte voltar atrás.

Chegou um momento em que eu só queria que acabasse logo pois estava ficando muito ansiosa, mas para entregar 50 ou 100 panetones o risco é o mesmo. E o abraço mais arriscado da minha vida foi também o mais bonito.

Resumindo, eu não ia falar nada na internet sobre isso, porque hoje em dia falar sobre ser solidário é só para “aparecer”. Eu não quero aparecer, mas eu fiquei emocionada com o que aconteceu e deu vontade de fazer uma das coisas que eu mais gosto na vida: escrever.

Essa experiência me mostrou o que a gente sempre ouve falar por aí, que a felicidade está nas pequenas coisas.

A das meninas estava nos panetones, e a minha estava no abraço. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Você tem algo para agradecer em 2020?

Olha lá a brasileira fazendo textinho no Thanksgiving de novo... mas será que em 2020 tem algo de bom para escrever?

Primeiramente, eu gosto de ""comemorar"" (entre duas aspas pra ficar claro que é só modo de falar) o Thanksgiving porque:

    1. Meu namorado é americano, e para manter a cultura dele viva no nosso relacionamento, faz 5 anos que, toda última quinta-feira de novembro, eu falo para ele o quanto eu sou grata por tê-lo ao meu lado (embora eu fale isso várias outras vezes no ano também).

    2. Para mim (como uma cidadã não americana) é um dia de agradecer, assim como todos os outros. Eu não tive folga no trabalho e nem me reuni com a família para comer peru, mas eu vou parar para refletir sobre tudo pelo que sou grata, só porque eu quero.

Afinal, o que é "dar graças" se não uma grande reflexão do nosso passado recente e de tudo que aconteceu de bom nele?

Eu já escrevi aqui sobre gratidão algumas vezes, e eu realmente pratico isso desde quando eu comecei a escrever no meu caderninho todos os dias, para lembrar de pequenas coisas boas num momento em que minha vida estava desmoronando. Continuo escrevendo no meu caderninho? Muito raramente. Mas ainda penso muito e, esse ano especificamente, dado os vários acontecimentos bons na minha vida, mesmo em meio ao caos mundial, eu tenho pensado silenciosamente no quanto eu sou privilegiada e grata por tantas coisas, afinal, eu sei que estar saudável, ter acesso à informação para saber me proteger da COVID, morar com meus pais e não ter sido impactada financeiramente pela pandemia, são coisas pelas quais uma minoria de brasileiros pode agradecer, e é justamente por ter noção dessa realidade que eu, como parte dessa minoria, não vou desdenhar desse privilégio.

Dito tudo isso, eu deixo claro que eu não sou daquelas pessoas que acha que "a quarentena me proporcionou tais coisas e bla bla", que "o lado bom da pandemia foi que...". Primeiro porque não existe "lado bom" da pandemia, ponto. Segundo porque a quarentena não me proporcionou nada, eu que fui atrás de fazer alguma coisa da vida porque eu estava em casa, sem aula e sem trabalho, e sem nada para fazer. Eu poderia perfeitamente ter feito isso na minha rotina normal, o tédio foi só um empurrãozinho para eu acordar pra vida, mas uma hora ou outra isso ia acontecer, e eu não sou grata à pandemia por isso (afinal, é uma fucking pandemia!, e eu preferia ter ficado sem ela). 

As coisas pelas quais eu realmente sou grata são todas que aconteceram apesar da pandemia, apesar de 2020 estar sendo um ano caótico, apesar de toda merda que aconteceu no mundo. E isso não foi de uma hora para a outra, afinal, eu tive várias semanas de fazer vários nadas, de ficar literalmente deitada o dia todo, intercaladas com poucos dias de produtividade, até eu perceber que minhas "férias forçadas" demorariam muito mais do que eu (e o Brasil inteiro) imaginei.

Tá, Ana, chega de tagarelar, você é grata pelo que?

1) Eu comecei a estudar diversos assuntos alheios à minha área de formação e que me despertam interesse, como Economia e Finanças, e Excel (que eu sempre amei e aproveitei para maratonar muitos vídeos no youtube). Com isso, eu aprendi a entender melhor como a economia e o dinheiro funcionam, e a cuidar melhor do meu (que agora eu tenho e vocês já vão entender o porquê), e aprendi também a usar VBA e Power BI e fiquei INDIGNADA com como são ferramentas incríveis (e se alguém quiser me pagar um curso completo to aceitando).

2) Eu comecei a cuidar mais de mim, por dentro e por fora, é claro, mas um destaque no "por fora" porque eu, depois de 25 aninhos de vida, comecei a fuçar na internet e a entender como cuidar de cabelo e pele (eu literalmente só usava shampoo, condicionador e protetor solar), além de tentar manter uma rotina de treinos em casa, afinal, a academia entrou na minha vida há poucos anos, com muitos altos e baixos, e eu não poderia perder o ritmo agora.

3) Eu consegui um estágio! E não qualquer estágio, mas um que eu já queria desde 2017, quando soube da parceria da empresa com o meu curso na faculdade, e que atende todos os meus requisitos de um estágio legal (eu faço planilha todo trimestre, é sério), e com o bônus de ser em Curitiba! Sim, gente, eu voltei!

4) Eu "terminei" a faculdade! Calma, "terminei" está entre aspas porque se eu colocasse "terminei as disciplinas da faculdade" a frase não teria o mesmo efeito. Mas é isso, eu terminei virtualmente o trimestre que tinha começado lá em fevereiro, finalizando todas as disciplinas do curso, meu TCC está em andamento porque só falta terminar de escrever (um andamento bem devagar, mas andando), e estou com dois dos três estágios que ainda preciso já garantidos, ou seja, o coronavírus atrasou a minha vida, mas nem tanto.

Esses 4 pontos são só para resumir em tópicos algumas coisas que estão sendo muito importantes para mim esse ano, e dentro de cada um desses tópicos eu poderia citar pequenos motivos ou pequenas coisas que aprendi, conheci, adquiri e pelas quais sou muito grata.

Enfim, sem querer fazer disso uma retrospectiva mas já fazendo, para um ano que começou com o pior (e mais longo) mês de janeiro da minha vida, com uma pandemia horrível e uma quarentena que me fez voltar ""temporariamente"" para a casa dos meus pais, eu posso dizer que o saldo na minha vida pessoal até agora é positivo. Resumindo, eu estou cuidando mais de mim, desenvolvendo habilidades que vão me tornar uma profissional melhor para ganhar mais dinheiro, e aprendendo a cuidar desse dinheiro.

E só para não perder o costume, eu também sou extremamente grata por, depois de 5 anos, ainda ter ao meu lado o americano lindo que me fez enxergar a vida de uma maneira diferente e aprender a agradecer mais o ano todo. (Ele que me indicou o livro que eu citei nesse post aqui e que mudou a minha vida)

E além disso, apesar de quase nos matarmos por muito tempo até aprendermos a voltar a conviver civilizadamente, eu estou feliz de estar em casa, de ter para onde voltar, de poder estar com a minha família e, finalmente, estar de bem com ela.


Ainda vai ter retrospectiva porque tem muita água pra rolar em um mês, mas até aqui já tem bastante coisa para agradecer. E você que leu esse texto porque gosta de mim, ou achou esse texto perdido na internet, eu aconselho fortemente a fazer esse exercício de pensar um pouquinho nos acontecimentos da sua vida pessoal. Aqui eu só falei das coisas boas, que colocando no papel a gente percebe que é mais do que imagina e dá mais valor, mas eu também tive momentos bem difíceis em 2020, mas passou, e os seus vão passar também.

domingo, 29 de março de 2020

Curitiba do meu ponto de vista

Hoje é aniversário da melhor cidade do mundo, Curitiba, e eu escolhi três imagens que significam muito pra mim para fazer a minha homenagem. Na verdade eu decidi representar com araucárias três lugares muito importantes para mim.

Todo Curitibano aprendeu quando criança que Curitiba significa, basicamente, "muito pinhão" - ou, como encontrei agora no site da prefeitura, "grande quantidade de pinheiros, pinheiral". Ou seja, é a árvore símbolo da cidade, inclusive presente na bandeira. Eu, particularmente, sempre fui apaixonada por araucárias, e me dei conta de que, em todos os lugares que morei, tive o privilégio de ver uma da minha janela.

A primeira foto representa o segundo lugar da minha vida que eu chamei de lar. A casa onde eu passei a maior parte da minha infância. A araucária do fundo do terreno onde meu pai catava pinhão fresquinho. A araucária que estava lá quando a gente brincava no terreno, se sujando de lama, jogando bola, brincando com os cachorros ou dando voltas de bicicleta; que estava lá nas várias festas de família que fazíamos na garagem, inclusive no meu aniversário em que dormimos na cama elástica e foi incrível. A araucária que estava lá quando eu tava deitada no sofá vendo TV e desviava meu olhar para a sacada, com essa bela paisagem enfeitando o nosso quintal. Aquela que me fez perceber, ao sair na sacada todos os dias, a beleza das araucárias.

É uma foto que, até hoje, me traz alegria e dor ao mesmo tempo. Alegria por lembrar de todos os momentos vividos na casa que foi erguida com muito suor dos meus pais. Dor por ter ido embora.

Araucária nº1, aquela do quintal onde eu cresci.

A segunda foto representa o que veio depois. A mudança forçada para um apartamento que, no fim das contas, era sensacional. A minha visão de todos os dias ao abrir a janela num novo lugar que fomos obrigados a aprender a chamar de lar.

A araucária que guarda as minhas últimas memórias de casa antes de ir embora de Curitiba. A araucária que estava lá quando eu tomava sorvete sentada na sacada e quando eu ficava brincando de fotografia dentro de casa. A araucária que eu via todos os dias ao abrir a janela durante o final do meu ensino médio, do cursinho, e da qual eu me despedi ao finalmente passar no vestibular.

Araucária nº2, aquela que eu via por entre a redinha da janela.

A terceira foto não é da minha casa. Não é do meu lar. É daquele lugar que a gente de repente aprende a chamar de "casa dos pais". O apartamento para o qual eu não participei da mudança e no qual nunca morei, mas é lar de quem sempre fez a minha casa ser chamada de lar. É um lugar novo. Um lugar que não é meu. Mas, afinal, é lugar de família.

E apesar de eu não gostar do meu quarto aqui como gostava dos outros, apesar de eu não ter tantas memórias aqui quanto tinha nos outros, eu gosto da vista.

É o cantinho que me acolhe toda vez que volto "para casa".

Araucária nº3, aquela que esconde o melhor estádio da América Latina.

Casa, para mim, é uma palavra que já teve tantos significados (9 só durante a faculdade). De acordo com o dicionário Luft que eu tenho aqui desde criança, a definição de casa é 1. Construção para morar; residência. 2. Família; lar. E a definição de lar é 1. Casa de habitação familiar. 2.Família. 3. Pátria; terra natal. Ou seja, dependendo da definição que você escolhe, casa e lar podem ser considerados a mesma coisa.

No meu caso, eu considero casa pela sua primeira definição. Ou seja, todos os lugares que já morei, aqui em Curitiba ou em Santa Catarina. E, emotiva que sou, mesmo não sendo lar, cada casa teve um significado especial para mim (menos a nº 8. A nº8 foi horrível).
Mas lar mesmo eu só vou ter quando eu voltar para minha terra natal, onde está a minha família, e onde sempre esteve a parte mais importante da minha vida, independente de qual canto de SC eu estivesse morando. Sendo lar, nesse contexto, lugar de aconchego, lugar de abrigo, meu cantinho.

Resumindo. Independente da residência, da construção em que eu esteja, Curitiba sempre vai ser o meu lar, a cidade que me acolheu desde que eu nasci, sempre tendo uma araucária linda para eu olhar pela janela. A cidade da qual eu saí já querendo voltar.

E o meu novo lar vai ser o lugar que eu encontrar para morar quando eu finalmente voltar para cá.
Não vai ser nenhum desses que eu mostrei. Eu vou ter que arranjar o meu próprio lar dessa vez.

Eu só espero poder ver uma araucária bem bonita da janela.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Agradecimentos

Olha eu falando sobre gratidão aqui de novo. Saber apreciar as coisas boas ajuda muito a passar pelas coisas ruins. E hoje eu vim aqui agradecer as pessoas especiais que me fizeram sobreviver ao ano de janeiro (que tá tão longo que ainda não acabou, mas as minhas férias sim).

No início das minhas férias, quase véspera de natal, eu tomei uma decisão muito difícil. Uma decisão que foi exclusivamente minha. Uma decisão que foi baseada em finalmente aprender a me colocar em primeiro lugar. Uma decisão que eu conheço a responsabilidade. Uma decisão em prol da minha saúde mental.

No decorrer dos dias eu me vi numa vida de nômade mais nômade do que a minha já conhecida vida de nômade. Eu me vi indo de lá pra cá e ficando cada vez mais insuportável e cansada de pedir favor pra todo mundo e com saudade da minha rotina. Mas acima de tudo, eu me vi cercada de pessoas especiais que me acolheram no decorrer dos últimos 36 dias. Pessoas que me davam casa, comida e roupa lavada (literalmente todos os três). Pessoas que me mandavam calar a boca quando eu ficava pedindo desculpas o tempo todo por estar incomodando. Pessoas que fizeram a minha sobremesa favorita para me agradar. Pessoas que me mandavam mensagem para perguntar como eu estava. Pessoas que colocaram presentinho pra mim embaixo da árvore de natal para eu me sentir em casa.

Nenhuma dessas pessoas substitui com quem eu queria ter passado a ceia de natal. Nenhuma delas exclui as outras da minha vida. Nenhuma delas é capaz de amenizar a minha dor. Mas cada uma delas fez a sua parte e me acolheu de braços abertos.

Esses 36 dias foram de muito choro, mas também de muito aprendizado. Eu aprendi que eu posso me divertir de vez em quando mesmo em meio a situações difíceis, porque eu sair me divertir e dar risada não anula o meu sofrimento, e eu não preciso sofrer o tempo todo (e nem provar nada para ninguém). Eu aprendi que, às vezes, as pessoas não lembram da família inteira quando falam “família em primeiro lugar”. Eu aprendi a enxergar as pessoas com quem eu posso realmente contar. Eu aprendi que família não é só pai e mãe, e que também pode ser tia, prima, afilhado, e até minha priminha de TERCEIRO grau - que vomitou em mim - e que eu nem sei se legalmente isso é um vínculo familiar (mas emocionalmente é e isso que importa), além de famílias já prontas que eu posso me enfiar lá e me sentir um pouco parte também.

  • Caio, Monica, Marcello, Carol, Lola e Blue; obrigada por me acolherem na família de vocês, pelo carinho e pelas comidas sempre deliciosas. E ao Caio, muito obrigada pela paciência e amor incondicional.
  • Tia Dalva, Ni e Luiza; obrigada pela paciência, pelas risadinhas da Luiza, e pelos bolinhos de abacaxi com chá gelado.
  • Caty, obrigada por ser a parte mais descontraída da família, por me fazer rir e por me dar um primo que também me deu suporte e foi ver Frozen 2 comigo porque você é chata.
  • Tia Zilda, Fabrízio, PAM e Benjamin; obrigada por terem me acolhido no dia mais difícil, pelo jantar maravilhoso e por fazerem eu me sentir em casa.
  • Obrigada também às minhas amigas da vida toda, Clara, Mari e Say, por finalizarem minhas férias com chave de ouro, e em especial à Clara e sua família por me acolherem, me darem banana e estrogonofe, e uma carona de moto (foi muito legal).

Foi um mês difícil, mas todos vocês fizeram ser "menos pior".

E no fim das contas, a única escolha que eu fiz foi escolher eu mesma.
Desculpa o egoísmo.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Retrospectiva 2019

A minha maior e mais importante "meta de ano novo", pelos últimos dois anos, era encontrar paz, na vida e, principalmente, dentro de mim. Eu li minhas retrospectivas antigas (como sempre faço), e percebi que 2018 e 2019 foram a continuação de uma história (triste) que começou lá em 2017, e eu espero do fundo do meu coração que com essa retrospectiva de 2019 eu feche essa trilogia de uma vez por todas.

Recentemente eu me dei conta de que, desde 2017, eu vivia presa a uma situação de vida, como eu descrevi na retrospectiva do mesmo ano, e foi lá naquela época que eu li um livro que mudou a minha visão de mundo e me lançou um dos maiores desafios da minha vida - conhecer a mim mesma -, e agora, no final de 2019, eu percebi que eu tenho de fato obtido êxito nesse aspecto. Eu tenho enxergado a mim mesma de uma maneira diferente e estou aprendendo a lidar com as situações de uma maneira mais madura e responsável, com o conhecimento de que nenhuma, repito, situação de vida, é capaz de destruir a minha vida inteira ou tirar completamente a minha paz. Eu aprendi a diferenciar os momentos de paz, quando tudo vai bem nas minhas esferas de vida, e a minha paz interior, que está sempre dentro de mim independente do caos ao meu redor. Está dentro de mim quando eu deito na cama à noite, ou quando eu escrevo no meu caderninho da gratidão, com a consciência tranquila de que eu fiz e continuo fazendo tudo que eu posso. Eu finalmente alcancei a minha resolução de ano novo de 2018, e agora eu conheço melhor a mim mesma e estou de bem comigo e com o mundo. Principalmente comigo.

Pausando um pouco essa parte mais profunda, vamos ao meu ano de 2019, de forma geral (e como sempre, dividido por trimestres - se eu conseguir lembrar de tudo que aconteceu em cada um).

No início do ano eu estava morando em Florianópolis. Fui membro da FEJESC (que expliquei na retrospectiva de 2018) por poucos meses, embora o trabalho fosse incrível e eu gostasse muito de ajudar as empresas juniores. Mas a faculdade estava me consumindo (MESMO! As matérias estavam muito pesadas e consumindo muito tempo) e eu fiz a escolha de priorizar os meus estudos. Foi um trimestre difícil, mas deu tudo certo, e eu finalmente comecei a dar os primeiros passos rumo ao meu TCC.

No segundo trimestre eu finalmente fiz meu terceiro estágio, depois de um ano só em aula em Florianópolis. Trabalhei na Zen e morei numa das cidades mais amorzinho de Santa Catarina, Brusque (mais conhecida como Bruxque). Sim, eu amei morar lá. Foi uma experiência INCRÍVEL em todos os aspectos. A empresa era muito legal e receptiva, o setor que eu trabalhei era de uma das minhas paixões desde o curso técnico (tratamento térmico), e os meus colegas de trabalho eram as melhores pessoas com quem já trabalhei. A cidade era muito legal, eu dava vários rolês de bicicleta no fim de semana (mesmo que a maioria dos rolês sempre acabassem na Havan), e eu realmente turistei e conheci cada cantinho que eu pude e amei cada pedacinho deles. (Fazer mercado nunca mais foi a mesma coisa porque o melhor mercado do mundo é Brusquense e se chama Archer e não existe em Florianópolis. Saudades). Eu morei num apartamento ao lado da empresa com mais seis estagiários. Foi uma enorme mudança de realidade para quem tinha uma kitnet inteira para si e passou a dividir não só o apê como o quarto. E foi aí que eu lembrei que, apesar das pequenas tretas, morar com mais pessoas é muito legal. Nos fins de semana eu me sentia um pouco sozinha porque todo mundo tinha família nas cidades vizinhas (e ir pra Curitiba de ônibus era uma saga interminável), mas foi aí que eu comecei a explorar a cidade e a minha paixão por pedalar e foi ótimo. De forma geral, o segundo trimestre do ano só não foi melhor porque acabou. Eu queria continuar em Brusque, mas não pude por motivos acadêmicos. Fiz minhas malas, me despedi da empresa, dei aquela choradinha e fui embora.

O terceiro e último trimestre letivo do ano eu nem sei se merece um parágrafo inteiro de tão ruim que foi. A faculdade estava ainda mais difícil do que no início do ano (nunca fale que um trimestre/semestre é o pior da sua vida, porque sempre tem o próximo), e ao voltar para Floripa eu me afastei de pessoas que, ao longo do anos, eu percebi que só me faziam mal, e isso me fez passar por uma período de readaptação, procurando novas companhias e novos hobbies. Porém, devo ressaltar dois pontos positivos:
1. Comecei meu TCC!! Conversei com meu professor e, em outubro, entrei no laboratório de soldagem para dar início ao meu TCC na minha outra paixão desde o curso técnico: soldagem.
2. Dei um gás na academia e na vida saudável como um todo. No início de 2019 eu mudei de academia em Floripa e descobri a melhor academia da ilha, que é a Natatorium, e o meu desempenho melhorou 150%, porque o ambiente e as pessoas são muito mais agradáveis e isso faz diferença sim e aumentou muito a minha disposição. Então quando voltei de Brusque (que eu tava meio preguiçosa porque a academia era longe), eu dei um gás, comecei a treinar e comer melhor, e descobri uma nova paixão.

No finalzinho do ano, ao vir de férias para Curitiba (um pouquinho antes do natal), eu tive muitos aprendizados em tão poucos dias. Minha vida virou de cabeça para baixo e eu descobri (na verdade foi uma confirmação) que eu tenho pessoas maravilhosas a quem recorrer quando tudo desaba, e que seguraram (e estão segurando) minha mão no que está sendo o momento mais difícil da minha vida.
Eu passei a dar ainda mais valor para o fato de ter uma família tão grande, sabendo que tenho pessoas maravilhosas perto de mim e que vão me acolher (literalmente) sempre que eu precisar. E não bastasse isso, tem a família que eu escolhi e que nunca me deixou na mão.

Nas últimas semanas eu tenho reforçado todo o aprendizado que falei no início desse texto, estando em paz comigo mesma, mesmo que sofrendo, mesmo que não satisfeita com a situação atual, sabendo que eu conheço a minha verdade, e que tudo que eu escrevo ou falo pode ser distorcido, mas eu falei, eu escrevi, eu botei a cara a tapa e expressei o que eu penso porque eu mereço isso, e o modo como as pessoas interpretam o que eu digo, infelizmente, foge ao meu controle.
Eu conheço a minha verdade. E o meu aprendizado de finzinho de ano foi perceber que isso é o que eu posso controlar, e que isso basta.

Eu construí muita coisa nesse último ano e nos últimos três anos (quem me conhece sabe porque eu sempre fico falando dos últimos três anos). Eu tenho certeza que eu posso fazer 2020 ser diferente, no que eu puder controlar ou melhorar. Eu sei que cabe a mim ter um ano bom. Eu sei que, embora eu esteja fazendo essa retrospectiva já em janeiro e eu não esteja feliz, a minha parte eu fiz e a paz que eu tenho comigo mesma é mais importante. Eu sou importante. E essa é a lição do último triênio que eu dou por encerrado aqui neste ponto final. E quem ainda está vivendo nesse ciclo e por acaso ler esse desabafo, eu só peço que entre neste novo capítulo comigo. Um capítulo de paz.