No início das minhas férias, quase véspera de natal, eu tomei uma
decisão muito difícil. Uma decisão que foi exclusivamente minha. Uma decisão
que foi baseada em finalmente aprender a me colocar em primeiro lugar. Uma
decisão que eu conheço a responsabilidade. Uma
decisão em prol da minha saúde mental.
No decorrer dos dias eu me vi numa vida de nômade mais nômade do que a
minha já conhecida vida de nômade. Eu me vi indo de lá pra cá e ficando cada
vez mais insuportável e cansada de pedir favor pra todo mundo e com saudade da
minha rotina. Mas acima de tudo, eu me vi cercada de pessoas especiais que me
acolheram no decorrer dos últimos 36 dias. Pessoas que me davam casa, comida e
roupa lavada (literalmente todos os três). Pessoas que me mandavam calar a boca
quando eu ficava pedindo desculpas o tempo todo por estar incomodando. Pessoas
que fizeram a minha sobremesa favorita para me agradar. Pessoas que me mandavam
mensagem para perguntar como eu estava. Pessoas que colocaram presentinho pra
mim embaixo da árvore de natal para eu me sentir em casa.
Nenhuma dessas pessoas substitui com quem eu queria ter passado a ceia
de natal. Nenhuma delas exclui as outras da minha vida. Nenhuma delas é capaz
de amenizar a minha dor. Mas cada uma delas fez a sua parte e me acolheu de
braços abertos.
Esses 36 dias foram de muito choro, mas também de muito aprendizado.
Eu aprendi que eu posso me divertir de vez em quando mesmo em meio a situações
difíceis, porque eu sair me divertir e dar risada não anula o meu sofrimento,
e eu não preciso sofrer o tempo todo (e nem provar nada para ninguém). Eu
aprendi que, às vezes, as pessoas não lembram da família inteira quando falam
“família em primeiro lugar”. Eu aprendi a enxergar as pessoas com quem eu posso
realmente contar. Eu aprendi que família não é só pai e mãe, e que também pode ser
tia, prima, afilhado, e até minha priminha de TERCEIRO grau - que vomitou em mim - e que eu nem sei se legalmente isso é um vínculo familiar (mas emocionalmente é e
isso que importa), além de famílias já prontas que eu posso me enfiar lá e me
sentir um pouco parte também.
- Caio, Monica, Marcello, Carol, Lola e Blue; obrigada por me acolherem na família de vocês, pelo carinho e pelas comidas sempre deliciosas. E ao Caio, muito obrigada pela paciência e amor incondicional.
- Tia Dalva, Ni e Luiza; obrigada pela paciência, pelas risadinhas da Luiza, e pelos bolinhos de abacaxi com chá gelado.
- Caty, obrigada por ser a parte mais descontraída da família, por me fazer rir e por me dar um primo que também me deu suporte e foi ver Frozen 2 comigo porque você é chata.
- Tia Zilda, Fabrízio, PAM e Benjamin; obrigada por terem me acolhido no dia mais difícil, pelo jantar maravilhoso e por fazerem eu me sentir em casa.
- Obrigada também às minhas amigas da vida toda, Clara, Mari e Say, por finalizarem minhas férias com chave de ouro, e em especial à Clara e sua família por me acolherem, me darem banana e estrogonofe, e uma carona de moto (foi muito legal).
Foi um mês difícil, mas todos vocês fizeram ser "menos pior".
E no fim das contas, a única escolha que eu fiz foi escolher eu mesma.
Desculpa o egoísmo.
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