domingo, 29 de março de 2020

Curitiba do meu ponto de vista

Hoje é aniversário da melhor cidade do mundo, Curitiba, e eu escolhi três imagens que significam muito pra mim para fazer a minha homenagem. Na verdade eu decidi representar com araucárias três lugares muito importantes para mim.

Todo Curitibano aprendeu quando criança que Curitiba significa, basicamente, "muito pinhão" - ou, como encontrei agora no site da prefeitura, "grande quantidade de pinheiros, pinheiral". Ou seja, é a árvore símbolo da cidade, inclusive presente na bandeira. Eu, particularmente, sempre fui apaixonada por araucárias, e me dei conta de que, em todos os lugares que morei, tive o privilégio de ver uma da minha janela.

A primeira foto representa o segundo lugar da minha vida que eu chamei de lar. A casa onde eu passei a maior parte da minha infância. A araucária do fundo do terreno onde meu pai catava pinhão fresquinho. A araucária que estava lá quando a gente brincava no terreno, se sujando de lama, jogando bola, brincando com os cachorros ou dando voltas de bicicleta; que estava lá nas várias festas de família que fazíamos na garagem, inclusive no meu aniversário em que dormimos na cama elástica e foi incrível. A araucária que estava lá quando eu tava deitada no sofá vendo TV e desviava meu olhar para a sacada, com essa bela paisagem enfeitando o nosso quintal. Aquela que me fez perceber, ao sair na sacada todos os dias, a beleza das araucárias.

É uma foto que, até hoje, me traz alegria e dor ao mesmo tempo. Alegria por lembrar de todos os momentos vividos na casa que foi erguida com muito suor dos meus pais. Dor por ter ido embora.

Araucária nº1, aquela do quintal onde eu cresci.

A segunda foto representa o que veio depois. A mudança forçada para um apartamento que, no fim das contas, era sensacional. A minha visão de todos os dias ao abrir a janela num novo lugar que fomos obrigados a aprender a chamar de lar.

A araucária que guarda as minhas últimas memórias de casa antes de ir embora de Curitiba. A araucária que estava lá quando eu tomava sorvete sentada na sacada e quando eu ficava brincando de fotografia dentro de casa. A araucária que eu via todos os dias ao abrir a janela durante o final do meu ensino médio, do cursinho, e da qual eu me despedi ao finalmente passar no vestibular.

Araucária nº2, aquela que eu via por entre a redinha da janela.

A terceira foto não é da minha casa. Não é do meu lar. É daquele lugar que a gente de repente aprende a chamar de "casa dos pais". O apartamento para o qual eu não participei da mudança e no qual nunca morei, mas é lar de quem sempre fez a minha casa ser chamada de lar. É um lugar novo. Um lugar que não é meu. Mas, afinal, é lugar de família.

E apesar de eu não gostar do meu quarto aqui como gostava dos outros, apesar de eu não ter tantas memórias aqui quanto tinha nos outros, eu gosto da vista.

É o cantinho que me acolhe toda vez que volto "para casa".

Araucária nº3, aquela que esconde o melhor estádio da América Latina.

Casa, para mim, é uma palavra que já teve tantos significados (9 só durante a faculdade). De acordo com o dicionário Luft que eu tenho aqui desde criança, a definição de casa é 1. Construção para morar; residência. 2. Família; lar. E a definição de lar é 1. Casa de habitação familiar. 2.Família. 3. Pátria; terra natal. Ou seja, dependendo da definição que você escolhe, casa e lar podem ser considerados a mesma coisa.

No meu caso, eu considero casa pela sua primeira definição. Ou seja, todos os lugares que já morei, aqui em Curitiba ou em Santa Catarina. E, emotiva que sou, mesmo não sendo lar, cada casa teve um significado especial para mim (menos a nº 8. A nº8 foi horrível).
Mas lar mesmo eu só vou ter quando eu voltar para minha terra natal, onde está a minha família, e onde sempre esteve a parte mais importante da minha vida, independente de qual canto de SC eu estivesse morando. Sendo lar, nesse contexto, lugar de aconchego, lugar de abrigo, meu cantinho.

Resumindo. Independente da residência, da construção em que eu esteja, Curitiba sempre vai ser o meu lar, a cidade que me acolheu desde que eu nasci, sempre tendo uma araucária linda para eu olhar pela janela. A cidade da qual eu saí já querendo voltar.

E o meu novo lar vai ser o lugar que eu encontrar para morar quando eu finalmente voltar para cá.
Não vai ser nenhum desses que eu mostrei. Eu vou ter que arranjar o meu próprio lar dessa vez.

Eu só espero poder ver uma araucária bem bonita da janela.

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