domingo, 9 de setembro de 2012

Dia 30 - Carta para o reflexo no espelho

Eu olho para o espelho e, às vezes, não sei o que vejo. Essa sou eu mesmo? Será que é assim que os outros me veem? Mas e por dentro? Como posso me ver por dentro?
Dizem que os olhos são o espelho da alma, e eu acredito, porque quem olhar em meus olhos e souber me ler, vai saber tudo. Tudinho. Meus olhos sempre me entregam. Eu acho que essa é uma de suas funções. São traiçoeiros. Não sabem esconder o que tanto machuca meu coração e minha cabeça tenta fingir que não. Se tento encontrar um equilíbrio entre razão e emoção, os olhos me entregam, e por isso é tão importante saber enxergar através deles. Mas e eu, o que eu vejo em meus próprios olhos? Afinal, quem sente o que eles denunciam sou eu. Eu sei até de olhos fechados. Mas às vezes eles me ajudam também. Olho para eles, no espelho, e percebo como estou bem, mesmo que por dentro eu achasse que não estava, ou o contrário. Mas isso tudo é detalhe. Detalhes muito importantes mas que pouquíssimos sabem ver, decifrar. E quanto ao resto? Às vezes olho no espelho e não me sinto satisfeita com o que vejo. Gorda demais, pálida demais, com espinhas demais. E esse cabelo que nunca me obedece. E há também situações em que me olho e me sinto linda. Mas volto a indagação, e por dentro? Me arrumo, me maquio, minha imagem está perfeita, mas eu vejo mais do que isso. Porque por mais que tentemos, não dá para esconder todas as imperfeições. E eu não estou falando de beleza. Estou falando da alma. Minha alma está sempre nua, por mais maquiagem que eu passe na cara. Sou transparente em meus gestos, em meus sentimentos, em meu olhar. Basta saberem enxergar.
Quem é você, aí do outro lado? Você sente como eu, você pensa como eu? Somos tão parecidas, não é mesmo? É assim que todos me veem? Retorno a perguntar. E eles sabem de tudo o que se passa aí dentro? Porque, olhando daqui, dá pra notar.

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