segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Dia 28 - Carta para a pessoa a quem queres contar tudo, mas tens medo de o fazer

Eu queria que nós tivéssemos uma relação mais... aberta. E eu já escrevi sobre isso para você. É engraçado, eu nunca falo "eu já falei isso para você", e sim "eu já escrevi", porque eu só sei falar escrevendo. E eu queria falar mais. Contar dos meus dramas e das minhas bobeiras e dos meus "romances" e das minhas cagadas. Mas estamos melhorando né? Sim, diz que sim! É só que eu tenho vergonha de falar com você sobre certos assuntos porque... ah, sei lá porque. Eu até falo, sabe. Mas eu queria me sentir mais à vontade. Eu sei que você só quer me proteger, e eu quero, sim, ser protegida, por assim dizer. Mas não quero que esse seu zelo me impeça de falar sobre meus machucados, entende? Quero poder falar tudo, ou quase tudo, sem medo de ser julgada. Adolescentes fazem besteira o tempo todo. E às vezes nem me sinto tão adolescente, sabe? Quero dizer, eu vejo meus amigos, e eles agem tão diferente. Mas eu gosto de ser assim. Meio criança-meio adulta, mas não adolescente. Confuso, né? Em certos aspectos me sinto tão ingênua e inexperiente, mas também sei pensar como adulta (ou quase adulta) e tento agir racionalmente às vezes. Me encontro presa. Presa à criança que ainda existe e sempre vai existir dentro de mim, lutando contra um lado que quer conhecer o mundo, se arriscar. E eu nem sei porque eu to falando disso. É que nessas vezes em que eu me arrisco, não arrisco contar a você. Na verdade já cometi tantos erros nessa minha "adolescência" que agora nem tem mais nada para contar - por enquanto. É por isso que estou tão em harmonia contigo? É por isso que não há conflitos? Não quero que quando minha vida começar a complicar (sim, porque a calmaria logo passa), a gente se afaste de novo e eu não consiga falar.
Ah, os erros... o que seriam esses meus erros? É que você me deu uma educação tão maravilhosa que eu tenho medo de te decepcionar. Mas quando me refiro à calmaria, digo que nada demais está acontecendo, por que o que seriam, afinal, as complicações? Quero poder contar-lhe tudo. Desde um 10 que tirei na escola até minhas "decepções amorosas". Quero confiar em ti, e ter tua confiança em troca. Quero respeitar-lhe e ser respeitada. Você é adulto, é experiente, já viveu inúmeras situações e sabe muito mais da vida do que eu, uma "pirralha", mas eu quero que saiba que você pode contar comigo. Você nunca fala. Muitas vezes eu não poderei te ajudar, muitas vezes nem saberei o que dizer, mas eu estou aqui, e quando você vai entender isso? Sei que tem coisas muito mais importantes para se preocupar do que falar dos seus problemas comigo, mas quando quiser, quando pesar, se quiser dividir sua angústia, tem espaço aqui. Eu carrego um pouco o peso por você, eu te ajudo. Assim como eu sei que você pode me ajudar.

Kika

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