Conheci
ele numa formatura. Essa frase pode parecer romântica se você imaginar um baile
bonito num subsolo esfumaçado de Curitiba. Mas a formatura em questão era uma singela
colação de grau na UTFPR. A formatura era da minha amiga. Ele era amigo da
minha amiga. Eu não era amiga dele mas fui ver a minha amiga. Ele estava lá.
Sentado. Assistindo. Nunca vou esquecer: na verdade eu só o conheci depois
quando nos levantamos para cumprimentá-la.
Quando as
pessoas tiravam foto, ele fazia piadinhas. Quando davam parabéns, ele tirava
selfies com os amigos. Quando se atiravam para o lado, trombavam com ele que
ficava dançando feito bobo no hall do auditório. Os olhos, pequenos e
castanhos, deixavam claro que ele era um bobão. Foi paixão à primeira vista. Só
pra mim, acho.
Passamos
algumas noites conversando no chat ao som das nossas bandas de metalzinho. De
lá, migramos para o whatsapp. Do whatsapp, às vezes voltávamos pro chat, do chat
pro whats de novo.
Começamos
a namorar quando ele tinha 22 e eu 19, mas parecia que a vida começava ali.
Vimos todas as temporadas de HIMYM. Algumas várias vezes. Fizemos todas as
receitas existentes de ovo mexido. Queimamos algumas panelas de comida porque a
conversa tava boa. Não escolhemos móveis porque ainda não moramos juntos.
Escrevemos juntos um diário, to do lists, roteiros de viagens. Fizemos uma
dúzia de amigos novos e junto com eles altos rolês. Fizemos mais de 50 competições
de arroto só nós dois — acabei de contar. Sofremos com os haters, rimos com os
shippers. Viajamos o mundo dividindo o fone de ouvido. Das dez músicas que mais
gosto, sete foi ele que me mostrou. As outras três foi ele que compôs. Aprendi
o que era supercalifragalisticexpial idocious e também o que era psicanálise,
aprendi fotografia, inglês,
música, e outras palavras que o Word tá sublinhando
de vermelho porque o Word não teve a sorte de namorar com ele.
Nunca
terminamos. Mas nem sempre foi fácil. Já choramos mais do que no final de
"How I Met Your Mother". Mais do que na cena do lixão em "Toy
Story 3". Até hoje, não tem um rolê que me chamem em que alguém não diga,
em algum momento: o Caio vai né? Parece que, pra sempre, ele vai estar
presente. Se ao menos a gente morasse mais perto, eu penso. Ele estaria sempre comigo.
Essa
semana, pela trigésima vez, li o diário que a gente escreveu juntos — não por
acaso uma história de amor. Achei que fosse sorrir tudo de novo. E o que me deu
foi uma felicidade muito profunda de viver um grande amor na vida. E de estar
documentando esse amor num diário — e em tantos vídeos, músicas e poemas. Não
falta nada.
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