terça-feira, 13 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar do Caio

Conheci ele numa formatura. Essa frase pode parecer romântica se você imaginar um baile bonito num subsolo esfumaçado de Curitiba. Mas a formatura em questão era uma singela colação de grau na UTFPR. A formatura era da minha amiga. Ele era amigo da minha amiga. Eu não era amiga dele mas fui ver a minha amiga. Ele estava lá. Sentado. Assistindo. Nunca vou esquecer: na verdade eu só o conheci depois quando nos levantamos para cumprimentá-la.

Quando as pessoas tiravam foto, ele fazia piadinhas. Quando davam parabéns, ele tirava selfies com os amigos. Quando se atiravam para o lado, trombavam com ele que ficava dançando feito bobo no hall do auditório. Os olhos, pequenos e castanhos, deixavam claro que ele era um bobão. Foi paixão à primeira vista. Só pra mim, acho.

Passamos algumas noites conversando no chat ao som das nossas bandas de metalzinho. De lá, migramos para o whatsapp. Do whatsapp, às vezes voltávamos pro chat, do chat pro whats de novo.

Começamos a namorar quando ele tinha 22 e eu 19, mas parecia que a vida começava ali. Vimos todas as temporadas de HIMYM. Algumas várias vezes. Fizemos todas as receitas existentes de ovo mexido. Queimamos algumas panelas de comida porque a conversa tava boa. Não escolhemos móveis porque ainda não moramos juntos. Escrevemos juntos um diário, to do lists, roteiros de viagens. Fizemos uma dúzia de amigos novos e junto com eles altos rolês. Fizemos mais de 50 competições de arroto só nós dois — acabei de contar. Sofremos com os haters, rimos com os shippers. Viajamos o mundo dividindo o fone de ouvido. Das dez músicas que mais gosto, sete foi ele que me mostrou. As outras três foi ele que compôs. Aprendi o que era supercalifragalisticexpialidocious e também o que era psicanálise, aprendi fotografia, inglês, música, e outras palavras que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de namorar com ele.

Nunca terminamos. Mas nem sempre foi fácil. Já choramos mais do que no final de "How I Met Your Mother". Mais do que na cena do lixão em "Toy Story 3". Até hoje, não tem um rolê que me chamem em que alguém não diga, em algum momento: o Caio vai né? Parece que, pra sempre, ele vai estar presente. Se ao menos a gente morasse mais perto, eu penso. Ele estaria sempre comigo.

Essa semana, pela trigésima vez, li o diário que a gente escreveu juntos — não por acaso uma história de amor. Achei que fosse sorrir tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de viver um grande amor na vida. E de estar documentando esse amor num diário — e em tantos vídeos, músicas e poemas. Não falta nada. 

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