Desaprendi como funciona a interação humana. Quero dizer, vejo pessoas interagindo todos os dias, e muito, mas eu não sei mais. Eu não sei mais como faz para saber como vai a vida de um amigo ou como ele se sente. Coisas que eram automáticas simplesmente eu não sei mais. Tenho vivido muito isolada no meu mundinho, chutando para longe qualquer um que quiser entrar. Isso tudo porque eu não fui aceita no mundo em que eu queria viver. Agora ninguém vive no meu. E, ao mesmo tempo, estou feliz. Estou me sentindo meio independente. A única coisa que eu "preciso" são séries e livros para me distrair, e isso eu consigo sozinha. Não vejo mais graça em passar uma tarde no shopping com os supostos amigos, sem fazer nada. Prefiro fazer nada sozinha, em casa. Quero muito bem meus amigos mais queridos e queria me aproximar (ou seria não se afastar?). Quero saber como estão, o que sentem. Quero ser útil, quero ser amiga, quero fazer contato. Mas eu não consigo. Sempre sou a última a saber das coisas e acho que isso em vez de me irritar chegou a um ponto em que eu não me importo mais. Se as pessoas não querem me contar da vida delas, por que eu vou querer saber? Já me esforcei tanto para manter (ou criar) esse tipo de vínculo e nunca adiantou. Podem dizer que estou desistindo, mas estou apenas deixando pra lá. Parece a mesma coisa, mas não pra mim. Estou vivendo para mim, sabe? Só pra mim e por mim. Um pouco sozinha, mas talvez seja a consequência de deixar de fazer tudo pelos outros e fazer um pouco por si mesma. Parando para pensar, eu nunca fiz tanto por mim como sempre faço por todo mundo. Eu só quero o bem de todos, e deixo bem explícito que estou sempre disponível para ouvir/ajudar/aconselhar, mas se ninguém quer, eu vou usar a meu favor. Por que desperdiçar tanta preocupação com quem não precisa, enquanto eu to aqui, precisando ser amada? E, mesmo que tudo isso seja muito estranho e confuso, estou feliz. Estou me sentindo independente. Estou sendo mais eu. Cada dia mais me convenço que sou melhor sozinha. E, afinal, ninguém nunca provou o contrário.